domingo, junho 20, 2010

AO AMOR ANTIGO

Foto de Anna Kondakova



O amor antigo vive de si mesmo,
Não de cultivo alheio ou de presença.
Nada exige nem pede. Nada espera,
Mas do destino vão nega a sentença.

O amor antigo tem raízes fundas,
Feitas de sofrimento e de beleza.
Por aquelas mergulha no infinito,
E por estas suplanta a natureza.

Se em toda parte o tempo desmorona
Aquilo que foi grande e deslumbrante,
O antigo amor, porém, nunca fenece
E a cada dia surge mais amante.

Mais ardente, mas pobre de esperança.
Mais triste? Não. Ele venceu a dor,
E resplandece no seu canto obscuro,
Tanto mais velho quanto mais amor.


Carlos Drummond de Andrade

4 comentários:

Magnólia disse...

Lindo.

Milan Kem-Dera disse...

Olá!

Há já algum tempo que sigo o seu blogue. Silencioso. Deliciando-me com a sua escrita e as suas imagens.
Os meus sinceros parabéns!

http://insustentavelbelezadosseres.blogspot.com/

Este é um pequeno convite para que visite este meu cantinho das liberdades! E do divertimento, também!

Não precisa bater, a porta está sempre aberta!

Rosa Brava disse...

"O amor antigo tem raízes fundas,
Feitas de sofrimento e de beleza.
Por aquelas mergulha no infinito,
E por estas suplanta a natureza."

A maravilhosa sensibilidade poética de Drummond de Andrade.

Adoro este poema.
Grata pela partilha.
Bj :-)

air max nike disse...

Thank you very much for this article!
For a long time I have done exactly what you warn against. This article

was a slap in the face - but a needed one.
That being said, what is the value of an intuitive explanation? Is it to

give a lay person an "ah-ha" moment? Is it good to have SOME

understanding, even if it is "vague and mush?"
air max 2009
air max shoes
air max 90

INÚTIL PAISAGEM de ANTONIO CARLOS JOBIM

  Mas pra quê? Pra que tanto céu? Pra que tanto mar? Pra quê? De que serve esta onda que quebra? E o vento da tarde? De que serve a tarde? I...