sábado, setembro 14, 2019

AS PALAVRAS

AS PALAVRAS
.
São como cristal
as palavras.
Algumas, um punhal
um incêndio.
Outras
orvalho apenas.
Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
.
barcos ou beijos
as águas estremecem.
Desamparadas, inocentes
leves.
.
Tecidas são de luz
e são a noite.
.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.
.
Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim
cruéis, desfeitas
nas suas conchas puras?
.
Eugénio de Andrade
.
Pintura de Bernardino Licinio
.

INÚTIL PAISAGEM de ANTONIO CARLOS JOBIM

  Mas pra quê? Pra que tanto céu? Pra que tanto mar? Pra quê? De que serve esta onda que quebra? E o vento da tarde? De que serve a tarde? I...